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A internet ainda não transformou as relações políticas brasileiras

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Desde a vitória de Barack Obama especulava-se muito sobre como seria o “efeito Obama” nas eleições brasileiras. Pois as eleições chegaram e o “efeito Obama” não foi sentido – ao menos não na sua magnitude.

É como se o furacão perdesse força e chegasse aqui como vendaval, daqueles que mexem, mas nem tanto, com o cabelo laqueado – ou a falta de em alguns casos- de alguns candidatos.
Fato é que se esperava muito, mas pouco se viu. São inúmeros os motivos para isso. Aqui vão os dois principais:

• A realidade democrática é díspare, pois nos EUA há necessidade de convencer o eleitor a votar, já que o voto é facultativo. No Brasil, a obrigatoriedade impera.

Pode não parecer, mas esse aspecto muda a situação, especialmente em termos de pensamento e destino político e, consequentemente, no que se refere à comunicação política.

Muda, mas não deveria, pois representa um comodismo que apequena o potencial de relação candidato-eleitor.

• O crescente número de usuários não reflete o uso costumeiro da internet como meio de interação com assuntos mais sérios. A cultura de interação (participação interativa com o todo) ainda está se consolidando em nosso País, quebrando barreiras tecnológicas, educacionais e, principalmente, culturais.

Além da superficialidade da web
O gritante desse processo político é que a utilização da web foi extremamente superficial e conduzida de maneira questionável.

A utilização da mídia social como monólogo e atualização da agenda é o mínimo: pouco se fez de diferente para explorar o potencial de relacionamento. E, quando isso foi feito, o apelo não se espalhou devidamente, caso da criação colaborativa de planos de governo de alguns candidatos.

Outro erro fundamental foi a pouca convergência de esforços on e offline, mas principalmente em termos de ações digitais, com candidatos chegando a ter três sites distintos e com uma arquitetura da informação que não estimula o efeito viral.

O (não) uso estratégico das ferramentas
A utilização do Twitter igualmente ficou aquém do esperado. Basicamente todos se serviram do microblog para atualizar sua agenda, como observou minha aluna da ESPM Alice Araújo em seu artigo em nossa #comunadigital.

Dilma recorreu ao microblog para reforçar elementos de sua campanha, enquanto Serra buscou se humanizar e responder a perguntas. Marina, por sua vez, para indicar e ampliar o arsenal de fontes, mostrando-se bem informada e generosa através da distribuição de links de referência.

Como cada um atuou
Destaque para o tucano Serra, que seguiu mais pessoas que seus concorrentes, mostrando assim maior interesse: aproveitou o alcance da meta de seguidores e criou o #serraresponde para servir de resposta ao #pergunteaoserra.

Contudo, são os seguidores e eleitores de Marina que têm maior poder de mobilização, tendo colocado o nome da candidata no TT (trend topics) mundial do Twitter, indicando alta “viralidade” das hashtags empregadas no movimento intitulado “twittaço”, em alusão ao apitaço: #ondaverde e #marina43 figuraram durante inúmeros dias entre os TTs do Twitter.

E, se não foi o único responsável, de certo o Twitter é um dos principais agentes multiplicadores de votos nesta reta final e que transformou a pequena voz do Acre na grande figura pública do cenário político atual e futuro – aliás, é neste futuro que desabrochará a semente plantada nesta eleição: os frutos das boas práticas de relacionamentos serão colhidos em um processo contínuo e de progressiva atualização. Não se trata de algo mensurável por meio das urnas.

É de Marina Silva também a ação de incentivo à participação individual, com a criação de “casas de Marina”, seus “comitês” democraticamente disseminados por todo o Brasil – todavia, quando fui acessar o link desses espaços, notei que estavam com defeitos.

E a estratégia?
A questão a ser levantada aqui é simples: no quesito estratégico do momento político, o uso da ferramenta agregou de fato valor? A resposta é um estrondoso “não”.

Dilma poderia ter indicado links para benefícios e conquistas do governo que representa, incluindo comparativos com governos anteriores.

Serra poderia ter recomendado links sobre a importância de suas realizações e de um segundo turno, bem como de suas acusações, e Marina deveria ter ressaltado as possibilidades, viabilidades e diferenciais de sua proposta com links para arquivos/sites multimídias.

Tweets sobre agenda foram e são natimortos
Difícil é dar vida, no entanto, a uma nova relação se as práticas não mudam, mesmo em meio ao avanço tecnológico. Há um descompasso entre a estrutura tecnológica, de produção e a superestrutura. A cultura eleitoral e a política não acompanharam as mudanças 2.0.

A própria democracia já morreu e se esqueceu de ser enterrada. É como diria Gramsci: ”vivemos um período no qual o velho demora a morrer e o novo demora a nascer”.

Mas já se ouve o despertar da pluricracia, do sistema p2p (people to people). É a rede convergindo e revolucionando para além da tecnologia: online, ontime, ondemand, onLIFE.


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